quinta-feira, 21 de abril de 2011

Quando o Dia Aquece Sementes Mortas (A Amarga História do Rei do Nada)

Na triste história das misérias de uma vida,
fui o Rei,
jogado às traças em seu próprio castelo,
acorrentado,
perseguindo vagalumes e palavras de duas pontas,
prontas pra cortar os fios que movem estas pernas
e fazem o Rei dançar,
esperando o cadafalso se abrir
para conquistar a existência
em tua atenção,

quando ao ar chutar estes ossos, e você aplaudir.

Quem me ama me abandonou,
quem me protege
deixou entrar a doença em meu quarto
e quem me quer bem
fez notar a indiferença frente a meu corpo
deslizando à queda sem fim...
Quem me dera desaparecer
antes de questionar.


"Consentes a esmola calado... Calado...
Consentes a esmola...
Quem vai cuspir insetos?
Quem vai cuspir insetos?
Meu irmão sim, não eu...
Meu irmão sim..."

A mim a palavra não conforta,
vem sim da língua da serpente

e da inveja, fonte da ruína.
A mim o bom esquece
e só o mau vem sentar-se a mesa
e ranger os dentes
para roubar toda comida.

A mim foi erro não pensar
que esquecer fosse um vício
e que meus erros viriam
para tirar de mim o que tinha

e entregar àqueles que cospem na terra
em que meu amor fincou sua raíz.

Quem me ama me abandonou,
quem me protege
deixou entrar a doença em meu quarto
e quem me quer bem
fez notar a indiferença frente a meu corpo
deslizando à queda sem fim...

Quem me dera desaparecer

antes de alcançar o outro lado da estrada,
e perceber que eu...... Se fui Rei, fui Rei das chagas
que o dia exibe como troféu
na cabeça degolada aos plebeus,
erguida ao mundo na estaca
para que possa ver
que o Rei do Nada,
Sequer teve um nome para gravar na pedra
e cobrir de flores.


Dance of Days




Um comentário:

  1. Gostei demais dessa. Muito bom mesmo. Também tenho um blog... Te convido a visitar, se quiser segui-lo será um prazer.. RR

    http://ressureicao-rr.blogspot.com/

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